'Era um bar em uma região nobre, não boteco de esquina', diz mulher que ficou cega após ingerir metanol
- Carla Kamel

- 30 de set.
- 2 min de leitura
Crescem os casos graves de intoxicação por bebidas contaminadas com metanol em São Paulo. Radharani saiu para comemorar o aniversário de uma amiga em um bar de uma região nobre de São Paulo.

Ela conta que consumiu três caipirinhas de frutas vermelhas com maracujá e vodca, sem notar gosto estranho. Horas depois, passou mal, foi levada pela irmã ao hospital e acabou internada na UTI, onde chegou a ter convulsões, ser intubada e perder a visão.
'Era para ser uma comemoração em um bar em uma região nobre, não era nenhum boteco de esquina', desabafou a designer de interiores ao Fantástico, ainda internada no hospital. "Foi um estrago bem grande. Não estou enxergando nada"
Camila Carbone Prado, médica especialista do Centro de Informação e Assistência Toxicológica da Unicamp (CIATox-Campinas) explica que os casos de intoxicação por metanol normalmente estão mais ligados ao consumo inadequado de álcool combustível , muitas vezes associados às periferias.
"Principalmente por populações mais vulneráveis pela questão do preço mais acessível do que a bebida alcoólica. Porém, esses casos agora mais recentes, a procedência foi de bebidas alcoólicas, que teoricamente são apropriadas para o uso", explica.
O caso de Radharani se soma a uma série de intoxicações por bebidas adulteradas com metanol no estado. Um dos mais graves é o de Rafael, jovem internado em coma desde o início de setembro. Segundo a mãe do jovem, o estado dele "é irreversível".
Fábio Azembal, o oftalmologista que atendeu a vítima, explicou que os pacientes intoxicados por metanol podem apresentar alterações de consciência e confusão mental, mas o principal sintoma está nos problemas gastrointestinais, como vômito intenso, cólicas abdominais e dor de barriga.
Ele alertou ainda que é preciso atenção especial porque esses sinais podem se confundir com os de uma ressaca comum, mas a intoxicação exige socorro rápido para evitar lesões graves ou perda da visão.
O Ministério da Justiça emitiu alerta a bares e comerciantes para reforçar a checagem da procedência das bebidas. As recomendações também valem para os serviços de saúde, que devem considerar a hipótese de contaminação em pacientes com sintomas suspeitos. Enquanto isso, famílias como a de Radharani e Rafael aguardam respostas das autoridades e cobram justiça.
O que diz a Secretaria Estadual da Saúde
“O Centro de Vigilância Sanitária (CVS) do Estado de São Paulo informa que, desde junho deste ano, foram confirmados seis casos de intoxicação por metanol, dos quais dois resultaram em óbito — um em São Bernardo do Campo e outro na capital.
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